segunda-feira, 14 de março de 2011

Contação de história – o que é isso?

Por: Paulo Ghiraldelli Jr, filósofo, escritor e professor da UFRRJ
Extraído do site do autor:
http://ghiraldelli.pro.br/2011/03/02/contacao-de-historia-o-que-e-isso/

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Os contadores da história são os que navegam num mar que todos navegamos. Todavia, eles olham os corais, sabem da temperatura da água, observam os cardumes e, enfim, sentem cheiro de ilhas longínquas. Outros não. Outros navegam nessas águas e querem ir de continente em continente. Querem apenas aportar em praias novas e, em vez de olharem conchinhas, abrem pacotes de salgadinhos e os lambuzam com “Sandal”. Jogam banhas para lá e para cá, com a cerveja na mão. O mar é esquecido, a praia é comemorada como restaurante ou, pior, “quiosque à vista”. Esses navegadores não contam história nenhuma. O navegador que conta é aquele que vê as águas como quem vê o que chamamos de imaginário social.
O imaginário social é o tesouro do pirata chamado contador de histórias. Contação de histórias é algo de quem tem papagaio no ombro. Mas não é o papagaio que conta a história, é ele, o pirata, o grande contador. Só o pirata sabe das aventuras. Só ele pode atemorizar crianças contando de como ele adquiriu a perna de pau, o olho de vidro e a cara de mau.
O pirata tem o dom da dissertação. A cada aventura ele conta um conto e, é claro, aumenta um ponto. Este ponto aumentado é o segredo do seu negócio, e é exatamente o que vem do imaginário social.
Quando a química chama de volta a alquimia e quando a filosofia se reconcilia com o mito, eis aí a hora do contador de história. Pois nessa hora surge sob a luz do luar, na sexta feira treze, tudo que o imaginário social dá ao contador de história.
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